Por Food Insight
Publicado – 10 DE JANEIRO DE 2020
Os alimentos OGM (Organismo Geneticamente Modificado) estão sendo vistos cada vez mais em nossa cadeia de suprimentos de alimentos e são frequentemente citados como o futuro do nosso sistema agrícola. Muitos OGMs, de fato, já são ingredientes em produtos alimentícios dos quais apreciamos com frequência. As culturas OGM são culturas que foram projetadas com segurança para ter novas características, como aumento da disponibilidade de vitaminas, resistência à seca e tolerância a pragas. Os alimentos geneticamente modificados (GM) contribuem com o sistema de produção de alimentos, aumentando a produtividade, apoiando a conservação e construindo a sustentabilidade por meio de oportunidades sociais, ambientais e econômicas. Hoje, vamos dar uma olhada nas características dos 11 alimentos GM aprovados nos EUA.
Alfafa
A alfafa GM, uma leguminosa altamente nutritiva usada como alimento para gado de corte e leiteiro, foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2006. É a quarta maior cultura dos EUA (tanto em área cultivada quanto em produção). A alfafa GM foi alterada para (a) ser mais resistente a herbicidas como o glifosato e / ou (b) conter menos lignina, tornando a alfafa mais fácil de ser digerida pelo gado. Essas modificações limitam o crescimento excessivo de ervas daninhas, aumentam a produção de alfafa e aumentam o valor nutritivo dos alimentos para as vacas.
Maçãs
Aprovadas pela FDA em 2015, as maçãs GM apareceram pela primeira vez no mercado dos EUA em 2017. Todos nós ouvimos dizer que “an apple a day keeps the doctor away” (uma maçã por dia mantém o médico longe), e as maçãs GM foram modificadas para não escurecerem, retirando a enzima oxidase. Essas maçãs que não escurecem podem reduzir o desperdício de alimentos no sistema alimentar, pois maçãs machucadas (que podem estar perfeitas para comer) podem ficar marrons e parecer desagradáveis para os consumidores.
Canola
Aprovada pela FDA em 1999, a planta da canola GM é uma cultura oleaginosa cujas sementes são usadas para a produção de óleo de canola (uma gordura insaturada e saudável para o coração), para ração animal e biocombustível. A planta da canola foi modificada para aumentar sua resistência aos herbicidas e produzir menos fitato (um anti-nutriente natural da semente que impede o organismo de absorver vitaminas e minerais). A diminuição no uso de herbicidas se traduz em maior sustentabilidade ambiental, menor uso de pesticidas e aumento dos rendimentos desejáveis.
Milho
Como uma das culturas mais importantes do mundo, o milho é usado como alimento para seres humanos e animais. O milho GM foi aprovado pela FDA em 1996 e foi modificado para resistência a insetos, tolerância a herbicidas, tolerância à seca e aumento do tamanho. Ao aumentar sua resistência aos insetos e sua tolerância aos herbicidas, o milho GM não apenas resiste à predação de lagartas, besouros e outras pragas; como também não é propenso ao crescimento de fungos e bolores. Por fim, essas melhorias resultam em aumento de produtividade, redução de toxinas e menor impacto ambiental pelo uso de pesticidas.
Algodão
Como fibra multiuso, o algodão é usado em roupas, tecidos e ração animal. Aprovado pela FDA em 1995, o algodão GM é responsável por 80% do algodão do mundo. Antes de suas melhorias genéticas, as lavouras de algodão eram prejudiciais ao meio ambiente, econômico e sanitário devido a suas pragas naturais (mariposas, pulgões etc.) e à aplicação pesada de pesticidas. O algodão GM é continuamente modificado para tolerância a herbicidas e resistência a insetos, a fim de diminuir o uso de herbicidas (diminuindo o impacto ambiental) e aumentar o rendimento. Recentemente, o algodão GM foi aprovado para consumo humano como um novo alimento rico em proteínas!
Mamão
Entre as décadas de 1940 e 1990, a indústria do mamão nos EUA foi devastada pelo vírus da mancha anelar do mamão; a produção de mamão caiu 50% entre 1993 e 2006. Em 1985, o Departamento de Agricultura do Havaí financiou uma pesquisa do mamão GM resistente ao vírus. Aprovados pela FDA em 1998, os mamões GM resistentes ao vírus da mancha anelar agora abrangem 90% de todos os mamões cultivados. Os mamões GM permitem que a indústria do mamão e as fazendas familiares prosperem e permaneçam sustentáveis.
Batatas
Aprovadas pela FDA em 2015, as batatas GM foram modificadas para resistir a doenças, reduzir os machucados (escurecimento e manchas pretas), aumentar o tempo de armazenamento e reduzir os compostos associados à formação de acrilamida. Batatas com poucos machucados e maior vida útil reduzem o desperdício de alimentos devido às perdas pós-colheita e ao desperdício pelos consumidores. Além disso, a redução na formação de acrilamida nos permite continuar desfrutando de batatas fritas ou assadas deliciosas e saudáveis.
Soja em Grão
A soja em grão é uma commodity incrivelmente versátil. Os grãos de soja são transformados em tofu, bebida à base de soja e outros produtos proteicos à base de plantas. O óleo de soja é usado em molhos para salada e frituras. A soja também pode ser transformada em velas e ser usada como biocombustível. Os grãos de soja são utilizados, principalmente, para ração animal com alto teor de proteína. Aprovada pela FDA em 1995, 90% das culturas de soja dos EUA são de soja GM. Esses grãos foram modificados para tolerância a herbicidas e melhoria da qualidade do óleo. Ao alterar os compostos dos ácidos graxos da soja, o óleo de soja pode ser estabilizado para evitar o ranço (um sabor desagradável resultante da decomposição química). Além disso, a tolerância aos herbicidas na soja GM aumenta a produtividade e diminui os impactos ambientais.
Abobrinha
Embora aprovada pela FDA em 1995, a abobrinha geneticamente modificada (abobrinha italiana amarela e verde) é cultivada em baixos volumes nos EUA. Essa abobrinha é resistente ao mosaico amarelo da abobrinha, um vírus que provoca um grande impacto em todas as cucurbitáceas (abobrinhas, abóboras e melões). Não afetada pelo vírus, a abobrinha GM reduz o uso de recursos naturais e evita o desperdício de alimentos da destruição das culturas que resultaria de uma infestação viral.
Beterraba
Cinquenta e cinco por cento do açúcar produzido nos EUA vem da beterraba. Aprovada pela FDA em 2006 para ser mais resistente aos herbicidas, as beterrabas geneticamente modificadas representam 90% das beterrabas cultivadas no país. A beterraba é uma cultura que exige muito trabalho; antes das beterrabas geneticamente modificadas, os agricultores aplicavam coquetéis de cinco ou mais herbicidas duas vezes por semana em suas culturas. A beterraba geneticamente modificada atenuou vários dos estresses ambientais ao usar menos herbicidas e pesticidas para reduzir o uso da água e as pegadas de carbono e, ao mesmo tempo, promover o plantio direto (no-till farming), a retenção de água e a saúde do solo.
Salmão
Embora o salmão seja o segundo peixe mais popular consumido nos EUA, a pesca excessiva e a degradação ambiental reduziram perigosamente as populações do salmão selvagem. Aprovado em 2015, o salmão GM é o primeiro animal GM a ser autorizado pela FDA. Comparado aos seus homólogos não-GM, o salmão GM pode crescer até o tamanho máximo na metade do tempo. O salmão GM não apenas pode atender à crescente demanda por peixes, mas também é ambientalmente sustentável, conservando as populações de peixes selvagens, reduzindo as emissões de carbono e controlando os insumos e a produção da piscicultura.
Globalmente, as culturas GM foram adotadas em 67 dos 195 países do mundo. Em 2017, 17 milhões de agricultores cultivaram culturas GM. As culturas GM mais frequentemente cultivadas no mundo incluem milho, algodão, canola e soja. No entanto, outros países também cultivam culturas GM, como abacaxi e berinjela.
As culturas GM não só aumentam nosso suprimento de alimentos no mundo, como também sua capacidade de aumentar o valor econômico, conservar a biodiversidade, diminuir as emissões de carbono e apoiar a saúde humana, mudando o mundo um gene de cada vez. Da próxima vez que você estiver refogando uma hortaliça ou comendo uma batata frita, separe um momento para refletir sobre a ciência dos OGM por trás dos alimentos que você está consumindo e sobre a sustentabilidade que essa inovação fornece ao nosso sistema alimentar.
Este artigo contém contribuições de Tamika Sims, PhD, e Lily Yang, PhD Associada em Pesquisa de Pós-Doutorado na Virginia Tech, no Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos.