Por Food Insight
5 DE OUTUBRO DE 2021
Mulheres cientistas vem rompendo barreiras há décadas e ao mesmo tempo vem inspirando garotas e mulheres. As Nações Unidas reconhecem o dia 11 de outubro como o Dia Internacional das Meninas, que é o momento perfeito para reconhecer as mulheres cientistas da agricultura, alimentação e nutrição que moldaram esses campos. Nos dias 6 e 7 de outubro de 2021, o International Food Information Council (IFIC) organizou o primeiro Agricultural Technology and Food Salon. Este evento apresentou mulheres especialistas em ciência e tecnologia que têm mostrado o impacto que seu trabalho tem na ciência e nos sistemas alimentares de hoje. Em comemoração ao evento, o IFIC gostaria de destacar algumas mulheres na ciência de alimentos que tiveram e estão tendo impactos poderosos nesses complexos campos.
Marie Maynard Daly, PhD
Marie Maynard Daly foi a primeira mulher afro-americana a obter um doutorado em química. Daly cresceu fascinada pela ciência, aprofundando sua curiosidade por meio da leitura fervorosa e do incentivo de colegas e mentores durante o ensino médio. Em 1947, ela obteve seu PhD após pesquisar enzimas digestivas humanas, que a impulsionaram para um mundo de ciência da nutrição humana.
Logo após seus estudos, Daly estudou os ácidos nucléicos, que mais tarde ajudariam na descoberta do DNA e do RNA, ela é mais conhecida por suas pesquisas sobre os efeitos do colesterol no corpo humano. Graças à pesquisa de Daly, agora sabemos que o excesso de colesterol pode obstruir as artérias, contribuindo para a hipertensão e doenças cardíacas. Daly também ajudou a avaliar os efeitos prejudiciais que a hipertensão e o envelhecimento têm no coração, nos pulmões e nos vasos sanguíneos do ser humano. Seu entusiasmo pela química levou a nutrição humana a um novo reino e sua pesquisa agora informa sobre a dieta geral e as práticas de exercícios, bem como o tratamento médico específico de doenças cardíacas.
Temple Grandin, PhD
Cientistas veterinários de todos os cantos reconhecerão o nome de Temple Grandin devido às suas contribuições nessa área, no entanto, o impacto que ela teve nas mulheres e pessoas que vivem com autismo é inestimável. Grandin é PhD em ciência animal e escreveu vários estudos científicos nas áreas do comportamento animal, manejo e transporte de animais e tratamento humanizado de rebanhos. Ela revolucionou o transporte de gado quando reconheceu que o gado hesita em se mover perto de sombras e objetos desconhecidos e, por isso, ajudou a criar rampas em forma de serpentina para conduzir o gado com mais facilidade nos confinamentos.
Grandin atribui parte de sua inclinação natural e conexão com os animais à sua experiência de viver com autismo. Em uma entrevista, ela se relaciona com o gado no sentido de que tanto ela quanto os animais “pensam em imagens”. Sua capacidade de observar um confinamento de uma perspectiva semelhante ao gado permitiu que ela entendesse melhor o que eles precisavam para se sentirem confortáveis e cuidados; esse entendimento ajudou a orientar suas recomendações posteriores para o tratamento humanizado do gado. Temple Grandin tinha o jogo contra ela como uma mulher com autismo em um campo dominado por homens, mas sua atitude de nunca desistir e sua fome de conhecimento a impulsionou a se tornar uma grande inovadora na área do bem-estar animal.
Evangelina Villegas, PhD
Em homenagem a estarmos no Mês da Herança Hispânica Nacional, comemorado nos EUA, o IFIC reconhece Evangelina Villegas por suas contribuições para a agricultura e ciência alimentar. Entre a época em que Temple Grandin e Marie Maynard Daly obtiveram seus PhDs, Villegas estava trabalhando por conta própria, estudando química de cereais e melhoramento de plantas. Seu trabalho árduo valeu a pena quando, em 2000, Villegas foi a primeira mulher a receber o World Food Prize pelo desenvolvimento de uma proteína de milho de alta qualidade que está ajudando a reduzir o risco de desnutrição em todo o mundo.
Depois de se formar, Villegas fez parceria com o Dr. Surinder Vasal em um grande projeto de melhoramento de plantas. Ambos os pesquisadores sabiam que muitas partes do mundo, incluindo a terra natal de Villegas, no México, dependem do milho como cultura básica. No entanto, o milho tradicionalmente cultivado e consumido não tinha a proporção certa de proteína para auxiliar o crescimento e desenvolvimento saudáveis de crianças ou adultos. Isso deixou muitas pessoas desnutridas no mundo e em risco de várias doenças. Para ajudar a combater esta situação, Villegas e Vasal criaram uma nova planta que chamaram de milho com proteína de qualidade (QPM na sigla em inglês). O QPM é mais rico em proteínas do que o milho tradicional, o que significa que pode fornecer uma melhor nutrição, necessária para que o corpo funcione bem e, consequentemente, reduzir a desnutrição, especialmente entre as crianças. Villegas realmente abriu o caminho na genética de plantas, buscando uma maneira não apenas de alimentar as pessoas com mais frequência, mas também de alimentá-las bem.
Obrigada Senhoras!
Embora a ciência e a tecnologia sejam espaços tipicamente dominados por homens, muitas mulheres têm buscado nivelar o campo desse jogo. Temple Grandin, Marie Maynard Daly e Evangelina Villegas se destacam como pioneiras na ciência animal, ciência vegetal e ciência da nutrição, contribuindo e moldando essas áreas para a melhoria dos sistemas alimentares e do público em geral.
Este artigo foi escrito por Courtney Schupp, MPH, RD.