O Que É Nutrição Personalizada?

Nos últimos anos, uma abordagem mais pessoal aos cuidados de saúde tem crescido em popularidade. Ao mesmo tempo, os consumidores estão cada vez mais conscientes de que “saudável” não significa a mesma coisa para todas as pessoas – sem falar que, definir o que constitui saúde plena e bem-estar é uma tarefa difícil para qualquer um.

Além do mais, o Índice de Alimentação Saudável dos Americanos, que representa o quão saudável as pessoas comem nos EUA, indica que há espaço para melhorias para todos os americanos – com uma pontuação média de alimentação saudável de 58 em 100. Mas, enquanto muitos de nós gostaríamos de melhorar nossas dietas; barreiras como o estresse diário, trabalho, família e responsabilidades escolares, restrições orçamentárias, e a falta de conhecimento completo sobre nutrição pode tornar a alimentação saudável um desafio.

Será que existe uma abordagem melhor e mais direcionada para ajudar as pessoas a fazerem mudanças mais saudáveis ​​no estilo de vida? Um campo em expansão conhecido como nutrição personalizada tem o objetivo de preencher a lacuna. Neste artigo, vamos abordar os fundamentos da nutrição personalizada, incluindo o que é, como funciona e suas possíveis limitações.

Os conceitos básicos da nutrição personalizada

Uma boa nutrição é fundamental para o crescimento humano, desenvolvimento e prevenção de doenças. A nutrição personalizada adapta o aconselhamento nutricional geral baseado na população às necessidades e preferências de uma pessoa em particular, considerando características únicas como estilo de vida individual, status socioeconômico, raça ou etnia, histórico de saúde, DNA e gênero.

A nutrição personalizada é frequentemente usada de forma intercambiável com abordagens e termos semelhantes, incluindo genômica nutricional, nutrigenômica, nutrigenética e nutrição de precisão. Dr. Christopher Lynch, do National Institutes of Health (NIH) Office of Nutrition Research, observa que a nutrição de precisão é “uma abordagem holística para desenvolver recomendações dietéticas individualizadas e factíveis ​​para o que, quando, por que e como comer para otimizar a saúde e qualidade de vida.” Em 2022, o NIH concedeu US$ 170 milhões a centros e clínicas em todos os Estados Unidos para estudar nutrição personalizada em indivíduos.

Mais pesquisas nos aproximarão do aprendizado dos efeitos dos alimentos em mecanismos complexos, como o microbioma humano, a genética e outros fatores biológicos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), seis em cada dez americanos vivem com doenças como diabetes, câncer e doenças cardíacas. Muitas dessas doenças são as principais causas de morte nos Estados Unidos e em todo o mundo, e é muito evidente que a má nutrição é um dos principais responsáveis dessas doenças crônicas. Como americanos, podemos fazer melhores escolhas de saúde que prolonguem nossa longevidade e aumentem nossa qualidade de vida – e a nutrição personalizada pode ajudar desafiando o dogma persistente de que há apenas uma maneira de todos comerem para uma saúde ideal.

Como funciona a nutrição personalizada?

Embora muitos nutricionistas (RDNs na sigla em inglês) já avaliem metas pessoais, atividade física, hábitos alimentares e comportamentos de sono em benefício de seus pacientes e clientes, a nutrição personalizada envolve uma abordagem ainda mais aprofundada. Por exemplo, você já se perguntou por que bebidas com cafeína ou alcoólicas afetam as pessoas de maneira diferente? A resposta pode estar além do que contém no copo de cada pessoa, em vez disso, tem a ver, pelo menos em parte, com as composições genéticas individuais.

As recomendações nutricionais direcionadas podem começar com uma avaliação nutricional completa e testes laboratoriais de rotina e depois passar para testes laboratoriais mais específicos, testes bioquímicos, testes genéticos e ômicos. “Omics” refere-se a técnicas e ferramentas que analisam algumas das menores partes da biologia humana e podem incluir uma variedade de áreas de estudo, como genômica (englobando genes, DNA, cromossomos e o microbioma intestinal) e metabolômica (analisando metabólitos como carboidratos, proteínas e gorduras). Esses testes detalhados mergulham profundamente em como os alimentos e nutrientes interagem com a biologia pessoal de um indivíduo, assim podendo lançar luz sobre as necessidades nutricionais individuais.

Nutrição personalizada: aparentemente só tem ganhos, mas há desvantagens?

A principal limitação da nutrição personalizada é que ainda existem grandes lacunas quando se trata do que sabemos sobre as relações entre nossos padrões alimentares, nossos genes e a maneira como esses dois fatores interagem com nossos outros comportamentos individuais e o ambiente em que vivemos. Doenças como obesidade e diabetes são complexas e multifacetadas – em geral, não podemos simplesmente apertar um botão e resolver todo o problema. Por exemplo, vários caminhos genéticos são conhecidos por predispor as pessoas a ganhar peso ou ter problemas para controlar o açúcar no sangue. E essas predisposições podem agir separadamente (ou em conjunto com) os hábitos de vida de uma pessoa, a composição do microbioma intestinal e o ambiente para influenciar o risco dessa pessoa de desenvolver condições de saúde específicas.

Além disso, uma falha da nutrição personalizada – e de alguns tipos de pesquisa nutricional – é a confiança em entender exatamente o que uma pessoa consome em alimentos e bebidas, o que é essencial para determinar como nosso corpo responde a diferentes alimentos e nutrientes. Digamos que você descubra uma variação genética que afeta a maneira como você digere a gordura dietética, e seu médico recomenda consumir mais ácidos graxos ômega-3 saudáveis ​​para o coração para compensar isso. Eles provavelmente gostariam de rastrear quanto salmão ou óleo de canola – alimentos ricos em ômega-3 – você consumiu para ver como esses alimentos afetaram sua saúde. Um desafio potencial dessa abordagem? As pesquisas demonstram que variações na psicologia humana podem afetar a maneira como documentamos o que comemos. Por várias razões, algumas pessoas podem intencionalmente não divulgar ou não se lembrar de quantidades específicas de certos alimentos ou bebidas que consumiram na semana anterior. Mesmo quando tentamos o nosso melhor para sermos honestos, lembrar a ingestão de alimentos pela memória pode ser difícil de fazer, o que torna difícil encontrar um mecanismo de rastreamento de alimentos totalmente preciso.

A boa notícia? Novas tecnologias, incluindo inteligência artificial, avanços em métodos de recordatório alimentaraplicativos de rastreamento de dieta e machine learning podem ter a capacidade de melhorar a precisão das avaliações de ingestão alimentar mais comuns, potencialmente levando à capacidade de fornecer orientações nutricionais mais direcionadas para aqueles que precisam dela.

Conclusão

A nutrição personalizada tem como objetivo adequar o aconselhamento nutricional para indivíduos com base em fatores únicos, como genética, padrões de estilo de vida e dados de testes de laboratório. Mas o que o futuro reserva para a nutrição personalizada? Embora, certamente, sejam necessários mais estudos que ilustrem as possibilidades da nutrição personalizada, esperamos ter, nas próximas décadas, uma melhor compreensão de como a nutrição individualizada e as recomendações de estilo de vida podem melhorar nossa saúde em todas as fases da vida.

Este artigo contém contribuições de Kris Sollid, RD, Alyssa Pike, RD e Nutrition On Demand.