Por Food Insight
24 DE FEVEREIRO DE 2021
A possibilidade de uma reação alérgica depois de comer dá a muitos americanos uma certa hesitação ao fazer escolhas alimentares. Ninguém quer se preocupar com o fato de que uma mordida em um delicioso sanduíche ou sobremesa vai lhes custar um lábio inchado – ou pior, uma ida ao pronto-socorro. Como adultos, temos mais controle quando se trata dos alimentos aos quais estamos expostos, mas e quanto às crianças? Ou melhor ainda, e os bebês? Quando devemos introduzir alimentos potencialmente alergênicos aos nossos bebês? Os pais podem estar preocupados com os alérgenos alimentares, especialmente ao selecionar alimentos para seus bebês, e com bons motivos. De acordo com a Food Allergy Research & Education (FARE), as alergias alimentares entre crianças aumentaram nas últimas duas décadas. Diante da incerteza, muitos pais evitam oferecer a seus bebês certos alimentos na esperança de evitar uma possível reação alérgica. Mas será que essa forma de prevenção é útil a longo prazo?
As alergias alimentares são uma preocupação de saúde pública.
A U.S. Food and Drug Administration considera os oito principais alérgenos alimentares: leite, ovos, peixes, crustáceos, nozes, trigo, amendoim e soja. As reações alérgicas podem variar de pessoa para pessoa e também podem resultar de alimentos não incluídos nos “Oito Principais”. Se você é alérgico a um alimento considerado alergênico, comer esse alimento ativa seu sistema imunológico, fazendo seu corpo pensar que o alimento é um “invasor”. Quando seu sistema imunológico é ativado desnecessariamente, muitas partes do corpo – incluindo seu intestino e outros órgãos e tecidos – podem ser afetados. Algumas vezes, uma reação alérgica pode torná-lo mais sensível a outros alérgenos. As alergias alimentares são sérias e podem ser fatais, especialmente para bebês, que não podem lhe dizer quando algo está errado.
Atualmente, uma em cada 13 crianças nos Estados Unidos apresenta alergias alimentares. As taxas de alergia alimentar têm aumentado constantemente nas últimas décadas, apresentando uma grande preocupação tanto para os pais, quanto para os profissionais de saúde e de saúde pública. Para ajudar as famílias a identificar os potenciais alérgenos, foi aprovada, nos EUA, uma legislação (como a FALCPA), que exige que as empresas façam uma lista dos principais alérgenos nas embalagens de alimentos. Embora tais regulamentações tenham um efeito preventivo, elas não podem resolver totalmente a questão das alergias alimentares. Manter um olhar atento na alimentação ainda é da maior importância.
Alergias alimentares pediátricas e orientação
A alimentação desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento das crianças, e os alimentos que as crianças consomem também podem afetar seu risco para certas condições de saúde mais tarde na vida. Assim, os pais devem saber quais alimentos incluir na alimentação saudável de um bebê – e quando os introduzir. Embora anteriormente se pensasse que alimentos potencialmente alergênicos devessem ser introduzidos mais tarde na vida, agora sabemos que a introdução de alimentos potencialmente alergênicos com outros alimentos complementares pode ajudar a prevenir alergias alimentares e otimizar a saúde dos bebês a longo prazo. A American Academy of Allergy, Asthma, and Immunology e a American Academy of Pediatrics recomendam a introdução de alérgenos alimentares comuns por volta dos seis meses de idade quando outros alimentos complementares são introduzidos, e as Diretrizes Dietéticas Para os Americanos de 2020-2025 também fazem esta recomendação. A introdução de amendoim, por exemplo, por volta dos seis meses de idade pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver uma alergia a amendoim. Os bebês que correm maior risco de desenvolver uma alergia a amendoim (o que significaria que teriam alergia a ovo, eczema grave ou ambos) devem receber seus primeiros alimentos contendo amendoim ainda mais cedo, entre quatro e seis meses. A única exceção é para o leite de vaca, como bebida, que deve ser introduzido aos 12 meses de idade ou mais tarde.
Conscientização do público
Aqui nos Estados Unidos, nossa alimentação continua a mudar drasticamente. Nossa curiosidade sobre o que contém nos alimentos que comemos e como os alimentos são produzidos mostra um interesse público crescente em nosso ambiente alimentar. Isto é especialmente verdadeiro para as famílias nas quais uma ou mais pessoas têm alergias alimentares. De acordo com a Pesquisa de Alimentos e Saúde do IFIC de 2019, uma em cada seis pessoas tem alguém em sua casa com uma alergia alimentar. Sendo mais comuns, as alergias a amendoim, leite e crustáceos. Seguir recomendações atualizadas sobre a introdução de alérgenos em potencial pode ajudar as famílias a reduzir o risco de alergias alimentares na infância enquanto melhora a qualidade de vida de todo o lar.
Que medidas você pode tomar?
As alergias alimentares podem começar em idade precoce e às vezes duram a vida toda. Como não há cura para as alergias alimentares, é essencial identificar quais alimentos podem causar a você ou a seus filhos reações alérgicas e evitá-los. Isto pode, sem dúvida, ser um processo de aprendizagem, especialmente para pais de crianças pequenas que muitas vezes não conseguem comunicar verbalmente uma reação alérgica. Ainda assim, a identificação de alérgenos é essencial para manter os bebês seguros e saudáveis. Se você for um pai ou cuidador de primeira viagem, prepare-se para introduzir os “Oito Principais” na dieta de seu bebê de acordo com os recursos que fornecemos. Fazendo isso, será possível reduzir a probabilidade de seu filho desenvolver alergias alimentares. Quando você introduzir um alimento potencialmente alergênico, lembre-se de prestar atenção às reações físicas enquanto seu filho o estiver ingerindo. Existe alguma reação cutânea? Seu filho fica mais agitado ou chora depois de comer determinados alimentos? Não deixe de documentar estas mudanças e consulte um profissional de saúde no caso de uma reação. Aplicando estas informações e compartilhando o que você aprendeu com seus entes queridos, poderemos manter nossos bebês seguros, ajudando-os a desfrutar de uma alimentação rica e saudável. Um brinde aos rostinhos bagunceiros na hora das refeições!
Referências
Guidance for Industry: Questions and Answers Regarding Food Allergens (Edition 4), U.S. Food & Drug Administration, 2006.
Facts and Statistics | Food Allergy Research & Education, FARE.
Labeling That Saves Lives: Understanding FALCPA, IFIC, 2021.
Prevention of Allergies and Asthma in Children, American Academy of Allergy, Asthma, and Immunology, 2020.
“Early introduction of foods to prevent food allergy,” Allergy, Asthma & Clinical Immunology, 2018.
2020–2025 Dietary Guidelines for Americans, U.S. Department of Agriculture, 2020.
IFIC’s 2019 Food and Health Survey
Este artigo foi escrito por Casey Terrell, MPH, RD