O QUE É SUCRALOSE?

A sucralose é um edulcorante não calórico que pode ser usado para reduzir a ingestão de açúcares adicionados e, ao mesmo tempo, proporcionar a satisfação de apreciar o sabor doce. Enquanto alguns tipos de edulcorantes nesta categoria são considerados de baixa caloria (por exemplo, o aspartame) e outros são considerados sem calorias (por exemplo, sucralose, adoçante da fruta do monge e a stevia), coletivamente, eles são frequentemente chamados de substitutos do açúcar, adoçantes de alta intensidade, adoçantes não nutritivos ou adoçantes de baixa caloria.

Assim como, outros edulcorantes não-calóricos, a sucralose é intensamente doce. É cerca de 600 vezes mais doce que o açúcar, de modo que apenas pequenas quantidades de sucralose são usadas para combinar com a doçura fornecida pelo açúcar. A sucralose é permitida pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para uso como edulcorante de uso geral, ou seja, pode ser usada como ingrediente em qualquer tipo de alimento ou bebida. A sucralose é excepcionalmente estável, portanto, alimentos e bebidas adoçadas com sucralose permanecem doces sob uma ampla gama de condições. Isto inclui alimentos congelados como sorvetes e outras sobremesas congeladas, bem como, alimentos que precisam ser aquecidos a altas temperaturas, como produtos forneados e alimentos que requerem esterilização. Entretanto, uma receita que utiliza sucralose no lugar do açúcar pode se tornar ligeiramente diferente porque, além de adoçar, o açúcar desempenha vários papeis relacionados ao volume e textura nas receitas, mas varia de acordo com o tipo de receita.

A sucralose também é utilizada em adoçantes de mesa. Existem várias marcas de adoçantes de mesa à base de sucralose. A marca mais comum nos Estados Unidos é o Splenda® Original.

COMO É PRODUZIDA A SUCRALOSE?

A sucralose é feita a partir de um processo que começa com o açúcar de mesa comum (a sacarose); no entanto, a sucralose não é um açúcar. Três grupos hidroxila selecionados na molécula da sacarose são substituídos por três átomos de cloro. A estrutura da sucralose impede que as enzimas do trato digestivo a quebrem, o que é parte fundamental da sua segurança.

O QUE ACONTECE COM A SUCRALOSE APÓS O CONSUMO?

A maior parte (cerca de 85%) da sucralose consumida não é absorvida pelo organismo e é excretada, inalterada, nas fezes.1,2 Da pequena quantidade que é absorvida (cerca de 15%), nenhuma é decomposta para energia – portanto, a sucralose não fornece nenhuma caloria. Toda sucralose absorvida é excretada rapidamente na urina.1,2

A SUCRALOSE É SEGURA PARA O CONSUMO?

SIM. Mais de 100 estudos de segurança, representando mais de 20 anos de pesquisas, têm demonstrado que a sucralose é segura. Em 1998, a FDA aprovou seu uso como edulcorante em 15 categorias específicas de alimentos.3 Em 1999, a FDA ampliou sua regulamentação para permitir a sucralose como “edulcorante de uso geral”, o que significa que ela é aprovada para uso em qualquer tipo de alimento ou bebida. As principais autoridades sanitárias mundiais, como a European Food Safety Authority (EFSA) e o Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA)  concluíram que a sucralose é segura para seu uso pretendido.4,5 A segurança da sucralose também foi confirmada pelo Japan’s Ministry of Health, Labour and Welfare; Food Standards Australia New Zealand; e Health Canada. Com base nas conclusões dessas autoridades globais, a sucralose é atualmente permitida para uso em mais de 100 países.

A FDA estabeleceu uma dose diária aceitável (IDA) para sucralose de 5 miligramas (mg) por quilograma (kg) de peso corporal por dia. O JECFA estabeleceu pela primeira vez a IDA de 0-15 mg/kg do peso corporal por dia para a sucralose em 1991. O European Commission’s Scientific Committee on Food do JECFA confirmou a IDA para a sucralose em 2000.6 A IDA representa uma quantidade 100 vezes menor do que a quantidade de sucralose encontrada para alcançar um nível sem efeito adverso observado (NOAEL) em estudos toxicológicos. A IDA é um número conservador que a grande maioria das pessoas não alcançará. Usando a IDA estabelecida pela FDA, uma pessoa pesando 68 kg excederia a IDA (340 mg de sucralose) se consumisse mais de 26 sachês individuais de sucralose todos os dias ao longo de sua vida inteira. Embora as medidas precisas da quantidade total de sucralose que as pessoas consomem nos Estados Unidos sejam limitadas, 1,6 mg/kg de peso corporal por dia é uma estimativa média conservadora da ingestão de sucralose de bebidas entre adultos que foi relatada recentemente.7 Este nível de ingestão está bem abaixo da IDA da FDA. Globalmente, a ingestão estimada de sucralose de alimentos e bebidas também permanece bem abaixo da IDA estabelecida pelo JECFA. Uma revisão científica de 2018 constatou que estudos realizados desde 2008 não levantam preocupações em relação à superação da IDA dos principais edulcorantes de baixa e sem calorias – incluindo a sucralose – na população em geral.8

 

O QUE É IDA?

A ingestão diária aceitável, ou IDA, é a ingestão diária média durante uma vida inteira que se espera ser segura com base em importantes pesquisas.9 Ela é derivada pela determinação do nível sem efeitos adversos observados, ou NOAEL, que é o nível mais alto de ingestão, dividido por 100, 10 onde se constatou não ter efeitos adversos em estudos em modelos animais durante a vida inteira. A definição da IDA no valor 100 vezes menor ao nível superior onde se descobriu não ter efeitos adversos em estudos toxicológicos acrescenta uma margem de segurança que ajuda a garantir que a ingestão humana será segura.

CRIANÇAS PODEM CONSUMIR SUCRALOSE?

SIM. Autoridades de saúde e segurança de alimentos como a FDA e o JECFA concluíram que a sucralose é segura para adultos e crianças consumirem dentro da IDA. Não se espera que o metabolismo da sucralose seja diferente em crianças quando comparado com os adultos.2,3

A sucralose pode adicionar doçura aos alimentos e bebidas de uma criança sem contribuir para o consumo de calorias ou adição de açúcares. A sucralose não é cariogênica nem fermentável como os açúcares, portanto não aumenta o risco de cárie dentária.11 Com o foco na redução do consumo de açúcares adicionados nas últimas décadas, o número de produtos alimentícios e bebidas contendo edulcorantes de baixa caloria aumentou. Embora pesquisas observacionais realizadas em crianças e adultos tenham mostrado um aumento na porcentagem de pessoas que relatam consumo diário de produtos contendo edulcorantes hipocalóricos,12 o consumo atual de edulcorantes hipocalóricos é considerado como estando perfeitamente dentro dos níveis aceitáveis, tanto globalmente quanto nos EUA.7,8

A American Heart Association (AHA) não recomenda para crianças o consumo regular de bebidas contendo edulcorantes de baixa caloria, ao contrário, recomenda água e outras bebidas não adoçadas, como o leite comum.13 Uma importante exceção no aconselhamento científico da AHA de 2018 é feita para crianças com diabetes, cujo controle da glicemia pode ser beneficiado pelo consumo de bebidas de baixa caloria, ao invés de bebidas adoçadas com açúcar. Citando uma ausência de dados, a declaração normativa de 2019 da American Academy of Pediatrics (AAP) não recomenda para crianças menores de dois anos o consumo de alimentos ou bebidas com baixas calorias.14 A declaração normativa da AAP de 2019 reconhece, entretanto, os benefícios potenciais dos edulcorantes de baixa caloria para crianças, ao reduzir a ingestão de calorias (especialmente em crianças com obesidade), a incidência de cárie dentária e a resposta glicêmica em crianças com diabetes tipo 1 e tipo 2. As 2020—2025 Dietary Guidelines for Americans (DGA) não recomendam o consumo de edulcorantes hipocalóricos nem açúcares adicionados para crianças menores de dois anos de idade.15 Esta recomendação da DGA não está relacionada ao peso corporal, diabetes nem à segurança dos açúcares adicionados nem aos edulcorantes hipocalóricos, mas visa evitar que bebês e crianças pequenas desenvolvam uma preferência por alimentos excessivamente doces durante esta fase evolutiva.

MULHERES GRÁVIDAS E AMAMENTANDO PODEM CONSUMIR SUCRALOSE?

SIM. O consumo de edulcorantes hipocalóricos dentro de suas respectivas IDAs é seguro para mulheres grávidas ou lactantes, de acordo com a EFSA, FDA e JECFA. Pesquisas têm demonstrado que a sucralose não tem efeitos adversos na gestação, na amamentação, nem no feto, e não há efeitos colaterais conhecidos do consumo de sucralose.2,16 Como apenas pequenas quantidades de sucralose são absorvidas na corrente sanguínea, a quantidade de sucralose presente no leite materno é muito baixa.17 Todas as mulheres grávidas ou amamentando precisam dos nutrientes e calorias necessários para o crescimento e desenvolvimento ideal de seus bebês, tomando o cuidado para não exceder suas necessidades energéticas.

PESSOAS COM DIABETES PODEM CONSUMIR SUCRALOSE?

SIM. Alimentos e bebidas feitos com sucralose são frequentemente recomendados para pessoas com diabetes como uma alternativa aos alimentos e bebidas adoçados com açúcar e como uma forma de ajudá-las a satisfazer seu desejo pelo sabor doce, enquanto controlam a ingestão de carboidratos. Pesquisas extensivas mostram que a sucralose não eleva os níveis de glicose no sangue nem afeta o controle da glicemia.18-21 Recentes declarações de consenso de especialistas em nutrição, medicina, atividade física e saúde pública citam os efeitos neutros dos edulcorantes de baixa caloria sobre a hemoglobina A1C, insulina e glicose em jejum e pós-prandial, e concluem que o uso de edulcorantes de baixa caloria no autocuidado do diabetes pode contribuir para um melhor controle glicêmico.22-24

Organizações globais de profissionais de saúde publicaram suas próprias conclusões sobre a segurança e o papel dos edulcorantes de baixa caloria para pessoas com diabetes. Os 2021 American Diabetes Association Standards of Medical Care in Diabetes afirmam que, “Para algumas pessoas com diabetes acostumadas a consumir regularmente produtos adoçados com açúcar, os edulcorantes não nutritivos (contendo poucas ou sem calorias) podem ser um substituto aceitável para os adoçadores nutritivos (aqueles contendo calorias, como açúcar, mel e xarope de agave) quando consumidos com moderação. O uso de edulcorantes sem calorias parece não ter um efeito significativo no controle glicêmico, mas eles podem reduzir o consumo geral de calorias e carboidratos, desde que os indivíduos não estejam compensando com calorias adicionais de outras fontes alimentares”.25 Declarações semelhantes abordando a segurança e o uso potencial de edulcorantes de baixa e sem caloria, como a sucralose, para pessoas com diabetes, são apoiadas pela Diabetes Canada e pela Diabetes UK.26,27

Apesar destas conclusões, alguns estudos levantam questões sobre o controle da sucralose e da glicose no sangue. Por exemplo, um ensaio cruzado randomizado realizado em 2013 com 17 indivíduos sensíveis à insulina com obesidade que não consumiam regularmente edulcorantes de baixa caloria propôs que a sucralose poderia “armar a bomba” para aumentar as concentrações de glicose e insulina no sangue se a glicose fosse consumida logo após a sucralose.28 Os resultados de outros ensaios clínicos randomizados e controlados não suportam esta hipótese.29-31 Estudos clínicos maiores e mais longos não indicam que a sucralose afeta adversamente o controle da glicemia,19-21,32 o que mostra a importância de examinar a totalidade das evidências ao considerar o potencial da sucralose (ou outros edulcorantes de baixa caloria) para impactar no controle da glicemia.

Alguns estudos observacionais têm demonstrado uma associação entre o consumo de edulcorantes hipocalóricos e o risco de diabetes tipo 2;33,34 no entanto, os estudos observacionais não provam causa e efeito. Conclusões de estudos observacionais estão em risco de confusão e de causalidade reversa. Por exemplo, muitos estudos não se ajustam ao status de obesidade, um contribuinte direto para o desenvolvimento do pre-diabetes e do diabetes tipo 2. Considerando que indivíduos com sobrepeso e obesidade tendem a consumir mais bebidas com baixo teor calórico em comparação com indivíduos magros,35 esta é uma omissão crítica.

A SUCRALOSE PODE AJUDAR NA PERDA OU NA MANUTENÇÃO DO PESO?

A substituição de alimentos e bebidas adoçados com açúcar, por seus equivalentes com edulcorantes de baixa e sem caloria, como a sucralose pode desempenhar um papel na perda de peso e/ou no controle de peso, como demonstrado em numerosos ensaios clínicos.36-39 O National Weight Control Registry (NWCR) é o maior estudo longitudinal com pessoas que perderam pelo menos 13,6 quilos e mantiveram essa perda com sucesso por mais de um ano. Em uma pesquisa on-line com 434 membros do NWCR, mais de 50% dos entrevistados relataram que consumiam regularmente bebidas de baixa caloria; e 78% dessas pessoas relataram que isso ajudava a controlar seu consumo calórico.40

Conclusões de pesquisas observacionais que estudam o impacto dos edulcorantes de baixa caloria sobre o peso corporal, muitas vezes, entram em conflito com os dados de ensaios controlados aleatórios. Alguns estudos observacionais relataram uma associação entre o uso de edulcorantes hipocalóricos e o aumento do peso corporal e da circunferência da cintura em adultos.41 Uma revisão sistemática e uma meta-análise de estudos observacionais publicados em 2017 constataram que o consumo de edulcorantes hipocalóricos também estava associado a aumentos no índice de massa corporal (IMC) e maior incidência de obesidade e doenças cardiometabólicas em adultos.42 Em crianças e adolescentes, estudos observacionais mostraram uma associação entre o consumo de bebidas com baixo teor calórico e o aumento do peso corporal, enquanto evidências de estudos controlados aleatórios não mostraram isso.43,44 Outras revisões sistemáticas e meta-análises recentes concluíram que os resultados de estudos observacionais não mostraram associação entre o consumo de edulcorantes com baixo teor calórico e o peso corporal e mostraram uma pequena associação positiva com IMC mais alto.36,37,45

Embora os estudos observacionais possam ser importantes para gerar hipóteses, é importante observar que eles têm limitações. Por sua natureza, os estudos observacionais não podem provar causa e efeito. Em vez disso, os estudos observacionais examinam a associação entre uma exposição (como a ingestão de sucralose relatada) e um resultado (como o peso corporal ou uma condição de saúde). As associações encontradas em estudos observacionais podem ser confundidas por vários fatores e/ou podem ser o resultado de uma causalidade reversa. Um exemplo comum disto é uma pessoa que muda suas escolhas alimentares e bebidas após ter sido diagnosticada com uma condição de saúde: A doença foi que a levou a fazer essas mudanças; e não as mudanças fitas que levaram à doença.

Além disso, os estudos observacionais não são randomizados, portanto não podem controlar todas as outras exposições ou fatores que possam estar causando ou influenciando os resultados. Por exemplo, uma hipótese é que as pessoas podem compensar as escolhas “sem calorias” consumindo alimentos e bebidas mais calóricos em outras escolhas alimentares ou refeições futuras.46,47 Pense em uma pessoa que possa justificar o pedido de sobremesa em um restaurante por estar tomando um refrigerante dietético em sua refeição: As calorias extras da sobremesa provavelmente serão maiores do que as calorias economizadas ao pedir a bebida dietética. Essas calorias adicionais podem contribuir para o ganho de peso ou  dificultar uma perda de peso maior. Este comportamento é chamado de “efeito de permissão” ou “auto permissão”, no qual um indivíduo justifica ceder às indulgências ao encontrar razões para tornar um comportamento incoerente mais aceitável com seus objetivos.48 Embora, isso possa ocorrer em alguns casos, há poucas evidências de estudos científicos de que as pessoas consomem calorias em excesso de forma consistente e consciente como resultado do consumo de edulcorantes de baixa caloria ou de alimentos e bebidas que os contenham.49

Também tem sido sugerido que pessoas que já estão acima do peso ou obesas podem começar a escolher alimentos e bebidas com baixo teor calórico como um método para perder peso.50-53 Isto torna difícil assumir que o uso de um edulcorante com baixo teor calórico possa ser a causa do ganho de peso, uma vez que a causalidade reversa pode ser um fator. Uma revisão sistemática e meta-análise de 2019 financiadas pela Organização Mundial da Saúde recomendaram uma interpretação cuidadosa dos resultados dos estudos observacionais sobre edulcorantes hipocalóricos e resultados de saúde, enquanto se concentravam na confusão plausível e na causalidade reversa.45

Dados de ensaios clínicos aleatórios controlados, considerados como o padrão ouro para avaliar os efeitos causais, sustentam que a substituição das versões com calorias por opções com edulcorantes de baixa caloria leva a uma modesta perda de peso.36-39,45,55,56 Em um ensaio clínico aleatório realizado em 2016, mais de 300 participantes foram orientados a consumir água ou bebidas com baixa caloria durante um ano como parte de um programa que incluiu 12 semanas para perda de peso, seguidas de 40 semanas de intervenções para manutenção de peso. Aqueles que foram designados para o grupo de bebidas com baixa caloria perderam em média 6,21 kg, enquanto os do grupo da água perderam 2,45 kg.56

Embora algumas revisões sistemáticas tenham concluído que o consumo de edulcorantes com baixo teor calórico não leva a uma perda ou ganho de peso apreciável, tais achados parecem ser o resultado de como os estudos são comparados.42 Como afirmaram Mela, et al.,53 alguns desenhos de estudo permitem a análise de resultados entre alternativas calóricas e não calóricas,37,39 enquanto outros não.42

O Relatório Científico de 2020 do Dietary Guidelines Advisory Committee (DGAC) incluiu uma revisão sistemática com 37 estudos (seis dos quais foram ensaios controlados e aleatórios) publicados entre janeiro de 2000 e junho de 2019 sobre o papel das bebidas de baixa e sem calorias na adiposidade. O relatório do DGAC concluiu que os edulcorantes de baixa e sem calorias deveriam ser considerados uma opção para o controle do peso corporal.57

É importante observar que perder e manter o peso corporal requer múltiplas e simultâneas abordagens. Fazer uma única mudança, como a substituição de produtos com calorias, contendo açúcar, por produtos com edulcorantes de baixa caloria, é apenas um dos componentes. Estilo de vida e práticas comportamentais como alimentação saudável, exercícios físicos regulares, sono suficiente e manutenção das redes de apoio social são fatores importantes para alcançar as metas de perda e manutenção do peso.

A SUCRALOSE PODE ME DEIXAR COM MAIS FOME?

Alimentos altamente palatáveis ativam regiões cerebrais de recompensa e prazer. Esta associação positiva pode aumentar o apetite e, se não for controlado, o aumento resultante na ingestão de alimentos pode levar ao excesso de peso e à obesidade.58 Os edulcorantes de baixa caloria também podem levar a um estímulo de vias de recompensa, ativando receptores do sabor doce, mas não são uma fonte de calorias.

Alguns pesquisadores expressaram a preocupação de que a ativação de vias de recompensa sem a entrega de calorias ao organismo pode ter consequências não intencionais. Alguns estudos com animais demonstraram mudanças na ingestão de alimentos e nos hormônios relacionados ao apetite após o consumo de edulcorantes de baixa caloria.41,54 Entretanto, outros estudos com animais mostram que as vias envolvidas na digestão e na preferência pelo açúcar não são ativadas pelos edulcorantes de baixo teor calórico.59,60

Não se constatou que os edulcorantes de baixa e sem calorias, incluindo a sucralose, aumentem o apetite ou o desejo de comer em humanos.24,61 Alguns estudos controlados e aleatórios62 têm demonstrado o efeito oposto – incluindo a diminuição da fome47 e a redução na ingestão de sobremesas em comparação com aqueles indivíduos que beberam água.63 Outros estudos têm mostrado que não há nenhum efeito da sucralose sobre os hormônios que regulam a fome e a satisfação,64,65  nem sobre a ingestão total de energia e nem sobre a seleção de alimentos doces.66,67

E QUANTO AO MICROBIOMA INTESTINAL?

Embora as pesquisas sobre o microbioma intestinal ainda estejam em seus primeiros passos, os micróbios que vivem no trato intestinal tornaram-se reconhecidos como colaboradores potencialmente importantes para a saúde. Em roedores que consumiram sucralose, foram relatadas mudanças no perfil das espécies de microbiota intestinal.68,69 No entanto, não se conhece o significado clínico de tais mudanças em roedores, e a aplicabilidade dos estudos com animais sobre microbioma pode ser limitada em humanos.70

Atualmente, não existem padrões para definir um microbioma humano saudável.71 Existem diferenças significativas entre os perfis microbiológicos de diferentes pessoas, e pesquisas demonstraram que o microbioma intestinal pode responder rapidamente às mudanças normais na dieta.72 Especialistas internacionais notaram que enormes variações nos perfis microbiológicos dificultam a distinção entre variação normal e efeitos adversos.

A sucralose não é metabolizada pela microbiota intestinal e nenhum efeito adverso sobre a saúde do sistema gastrointestinal é conhecido a partir de estudos em humanos ou em estudos toxicológicos bem controlados.2 Estudos em humanos com consumo repetido de sucralose não mostram nenhum efeito significativo sobre o microbioma intestinal.70,73 Em consonância com estes dados, uma revisão da literatura de 2019 não encontrou nenhuma evidência conclusiva de que os edulcorantes de baixa caloria tenham impacto negativo sobre a microbiota intestinal.74 Em 2020, um painel de especialistas em edulcorantes hipocalóricos chegou à conclusão semelhante de que, neste momento, os dados sobre os efeitos dos edulcorantes hipocalóricos sobre a microbiota intestinal humana são limitados e não fornecem provas adequadas de que eles têm impacto sobre a saúde intestinal em doses relevantes para o consumo humano.24

QUAL É A CONCLUSÃO?

Todos os tipos de alimentos e bebidas, incluindo aqueles produzidos com sucralose, podem ter um lugar em uma variedade de padrões alimentares saudáveis. A sucralose foi aprovada pela FDA como aditivo alimentar há duas décadas, e sua segurança foi reconhecida por muitas autoridades sanitárias internacionais. O impacto dos edulcorantes de baixa caloria e sua associação com condições crônicas como obesidade e diabetes tipo 2 têm sido amplamente estudados. Estudos observacionais ligando edulcorantes hipocalóricos ao ganho de peso inerentemente não podem demonstrar uma relação causal e sofrem de questões metodológicas como confusão e causalidade reversa. Em contrapartida, estudos randomizados e controlados apoiam consistentemente que os edulcorantes hipocalóricos podem ser úteis em estratégias nutricionais para auxiliar nas metas de perda de peso e/ou de manutenção de peso. A sucralose não tem impacto sobre os níveis de glicose nem da insulina no sangue em ensaios randomizados controlados, e não tem efeito sobre o apetite. O papel do microbioma intestinal na saúde ainda está sendo explorado, dessa forma, as pesquisas disponíveis não sugerem que edulcorantes de baixa e sem calorias, como a sucralose, afetem adversamente o microbioma intestinal.

Adotar um estilo de vida saudável, ativo e adaptado aos objetivos e prioridades pessoais é vital para apoiar o bem-estar de cada um. Escolher alimentos e bebidas adoçados com edulcorantes de baixa e sem calorias, como a sucralose, é uma forma de reduzir o consumo de açúcares adicionados e manter as calorias sob controle – componentes esses, importantes para manter a saúde e reduzir o risco de doenças relacionadas à dieta, ao peso e ao estilo de vida.

SUCRALOSE – BREVE RESUMO

NOME CIENTÍFICO: Sucralose

MARCA MAIS COMUM NOS EUA: Splenda® Original

SITUAÇÃO NA FDA: Aprovada pela primeira vez como um adoçante para 15 categorias de alimentos em 1998. Aprovação ampliada para “edulcorante de uso geral” para uso em qualquer tipo de alimento ou bebida em 1999.

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