Metais nos Alimentos e na Água: O Que Você Precisa Saber Para Proteger Sua Saúde

Por Food Insight
28 DE ABRIL DE 2022

Embora possa parecer alarmante, os metais em nossa cadeia de suprimento de alimentos não são novidade. Os metais são elementos naturais encontrados na crosta terrestre e muitas vezes chegam aos alimentos à base de plantas por meio da irrigação e partículas de solo e poeira, frequentemente com alguma “ajuda” dos seres humanos (por exemplo, por meio do sedimentos de restos de cigarros, uso de canos de chumbo na construção, algumas formas de tinta e outros materiais). No campo da alimentação e da nutrição, os oligoelementos, ou “metais-traço”, podem realmente ser benéficos para a saúde humana em todas as fases da vida. No entanto, com o aumento das notícias sobre “metais tóxicos” em nossa alimentação, podemos estar nos sentindo preocupados com nossa saúde e bem-estar – e, com o bem-estar daqueles para quem fornecemos alimentos todos os dias.

A boa notícia é que as tecnologias emergentes estão permitindo que os cientistas testem metais com sensibilidade cada vez melhor. Essas descobertas têm políticas federais, avançadas, orientação nutricional e metas nacionais de saúde. Por exemplo, o documento “Healthy People 2030 General Environment Health” do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA estabelece objetivos para a redução de metais específicos, assim como o documento “Close to Zero: Action Plan for Baby Foods” da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, que foi publicado em 2020. Desde 1961, a FDA tem testado e monitorado metais e outros elementos em nossos alimentos por meio do Total Diet Study. Esses esforços são supervisionados pelo Toxic Elements Working Group, que visa reduzir a exposição do consumidor a elementos tóxicos em alimentos, suplementos alimentares e cosméticos. Elementos “tóxicos” neste contexto incluem, mas não se limitam ao cádmio (Cd), chumbo (Pb), mercúrio (Hg) e arsênico (As), sobre os quais, você pode encontrar mais informações abaixo. Por fim, as diretrizes atuais para melhores práticas de fabricação durante o processamento de alimentos, bem como, a documentação do histórico de uso da terra e da qualidade da água no campo, da nossa cadeia de fornecimento de alimentos, também ajudam a manter nosso fornecimento de alimentos seguro.

O objetivo da iniciativa da FDA Closer to Zero: Action Plan for Baby Foods é reduzir a exposição de bebês e crianças pequenas a elementos tóxicos como arsênico, cádmio, chumbo e mercúrio em alimentos para bebês amplamente comercializados. Este plano é uma abordagem baseada na ciência, multifásica e interativa para garantir a melhoria ao longo do tempo na redução contínua de elementos tóxicos nos alimentos. Esse monitoramento contínuo inclui avaliar a ciência atual, propondo e finalizando cursos de ação e consultando vários stakeholders nos próximos anos e além.

Arsênico (As)

O arsênico é um elemento natural que é introduzido no solo, nos sedimentos subterrâneos e na água por meio de práticas agrícolas e industriais. O arsênico ocorre em formas orgânicas e inorgânicas; a forma inorgânica é mais prejudicial para a saúde pública. O arsênico inorgânico é cancerígeno, e a exposição a baixos níveis de arsênico inorgânico ao longo do tempo pode causar descoloração da pele e aparecimento de verrugas, bem como, vermelhidão e inchaço da pele. Os regulamentos atuais estipulam que o arsênico na água potável e no suco de maçã não deve exceder 10 partes por bilhão (ppb) e o arsênico em cereais infantis de arroz não deve exceder 100 ppb. Historicamente, o arsênico inorgânico está associado ao arroz e aos produtos de arroz, algas marinhas e alguns sucos de frutas. A melhor forma de evitar o consumo excessivo desses produtos é fazer uma alimentação balanceada com uma variedade de alimentos de cada grupo alimentar.

Cádmio (Cd)

O cádmio é um elemento de ocorrência natural que é introduzido no solo, na água e no ar através da indústria da mineração, do processamento de resíduos domésticos e da queima de carvão. O cádmio também pode ser absorvido pelas plantas do seu ambiente. A relação entre este metal e a saúde pública é que respirar altos níveis de cádmio pode danificar os pulmões, e consumir alimentos contaminados com cádmio pode irritar o estômago e causar diarreia e vômitos. Além disso, o cádmio é um provável agente cancerígeno. Atualmente, a água potável engarrafada não deve exceder 5 ppb de cádmio. Historicamente, o cádmio está associado a vegetais folhosos, grãos e leguminosas, e uma alimentação balanceada com uma variedade de alimentos de cada grupo alimentar é a melhor forma de evitar o consumo excessivo desse elemento.

Chumbo (Pb)

O chumbo é um elemento natural que pode contaminar o solo e a água e, historicamente tem sido amplamente utilizado em tintas domésticas e industriais, tubulações de água, calafetagem e cerâmica. O chumbo também pode ser encontrado em casas e edifícios mais antigos nos quais os alimentos têm sido preparados ou fabricados. O chumbo é um problema de saúde pública – qualquer quantidade de exposição ao chumbo afeta negativamente a saúde humana. O chumbo também é um provável cancerígeno, mas atinge, principalmente, o sistema nervoso de jovens e adultos. As crianças são mais vulneráveis ​​ao envenenamento por chumbo, e a toxicidade do chumbo pode levar à diminuição do desenvolvimento mental e do crescimento físico. O envenenamento por chumbo também pode levar a danos cerebrais e ao parto prematuro. Atualmente, o chumbo na água potável não deve exceder 5 ppb, o suco de maçã não deve exceder 50 ppb, e em doces que podem ser consumidos por crianças pequenas não deve exceder 0,1 ppm. Historicamente, o chumbo tem sido associado a doces e sucos de frutas importados. Tal como acontece com outros elementos tóxicos, adotar uma dieta equilibrada com uma variedade de alimentos de cada grupo de alimentos é uma das melhores maneiras de evitar o consumo excessivo de chumbo – além de estar ciente dos carreadores comuns de chumbo. Por exemplo, se você está cultivando sua própria hortal, você deve testar seu solo e a água; e se você mora em uma casa construída antes de 1978, você também deve fazer um teste para o chumbo.

Mercúrio (Hg)

O mercúrio é um elemento natural encontrado no ar, na água e em certos alimentos em níveis baixos. O mercúrio pode ocorrer em formas inorgânicas e orgânicas e é bem conhecido como um problema de saúde pública. O mercúrio inorgânico consumido em grandes quantidades pode causar irritação e corrosão do sistema digestivo. A exposição ao mercúrio por um longo período de tempo também pode levar a distúrbios neurológicos, erupções cutâneas e anormalidades renais, bem como, outras doenças de saúde. O metilmercúrio, quando consumido em grandes quantidades em sua forma orgânica durante semanas ou meses, pode causar danos ao sistema nervoso. Além disso, bebês nascidos de mulheres com intoxicação por metilmercúrio apresentaram anormalidades do desenvolvimento e paralisia cerebral.

Uma palavra sobre os peixes: O mercúrio é comumente associado ao consumo de peixe. No entanto, o mercúrio não é encontrado em níveis inseguros em todos os tipos de peixes, e é importante conhecer os tipos de peixes que são nutritivos e seguros para consumo. Em 2022, a FDA e a EPA revisaram suas orientações sobre o consumo de peixe. As informações atualizadas são direcionadas para ajudar mulheres que estão grávidas, ou em fase de amamentação ou que podem engravidar, bem como, para pais e cuidadores que estão alimentando seus filhos com peixes. Além de aconselhar sobre os benefícios nutricionais do consumo de peixes, as novas diretrizes incluem “escolher uma variedade de peixes com menos mercúrio”.

Como Reduzir os Metais Tóxicos Em Sua Dieta

  • Saiba que tanto os produtos orgânicos quanto os cultivados convencionalmente e os grãos podem absorver metais tóxicos.
  • Adote uma dieta equilibrada com uma variedade de alimentos de cada grupo alimentar (frutas, hortaliças, proteínas, grãos e laticínios). A variedade nutricional não apenas aumentará as diversas vitaminas e minerais que você ingere; como também mitigará os riscos de consumir metais deletérios que podem surgir do consumo excessivo de um determinado alimento ou grupo de alimentos ao longo do tempo.
  • Use panelas de grau alimentício, que podem reduzir a introdução de metais tóxicos em alimentos preparados em casa.

Além de reduzir sua própria exposição potencial a metais tóxicos, certifique-se de conscientizar sua família e amigos sobre as fontes comuns desses riscos à saúde compartilhando informações (como o documento “Closer to Zero: Action Plan for Baby Food” do governo dos EUA) e incentivando as pessoas em suas redes sociais a tomar decisões informadas e saudáveis quando se trata de reduzir metais tóxicos em nossas dietas.

Este artigo foi escrito por Shauna Henley, PhD.

Informações Adicionais e Guia Infantil sobre Metais em Alimentos

FDA: Metals and Your Food

USDA WIC Resources: Metals in Baby Food

IFIC: Infant and Toddler Feeding Guide

Referências

Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ASTDR). 2020. Lead ToxFAQs. Division of Toxicology and Human Health Sciences, U.S. Department of Health and Human Services. 2020.

Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR). Toxicological Profile for Cadmium. Atlanta, GA: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service. 2012.

Bottled Water Everywhere: Keeping it Safe”, U.S. Food and Drug Administration, 2022.

Chemical Contaminant Rules”, U.S. Environmental Protection Agency, 2021.

Dietary Guidelines for Americans: 2020 – 2025″, U.S. Department of Agriculture, 2020.

Inorganic Arsenic in Rice Cereal for Infants: Action Level Guidance for Industry” Center for Food Safety and Applied Nutrition, U.S. Food and Drug Administration, 2020.

Toxicological Profile for Mercury. Atlanta, GA: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health Service, 2022.