Muitas vezes ouvimos falar que comemos primeiro com os olhos – e parece que há alguma verdade por trás dessa ideia. A aparência dos alimentos que ingerimos pode influenciar nossa experiência e afetar a maneira como percebemos, saboreamos e cheiramos nossas refeições. Talvez o componente visual mais marcante de nossa alimentação – a cor – tem sido usada historicamente para identificar importantes valores nutricionais e medicinais em nossas matérias-primas. E os corantes alimentícios têm sido historicamente usados como uma maneira relativamente simples que produtores e fabricantes usam para alterar a aparência de um alimento e melhorar sua palatabilidade. Na verdade, os seres humanos usam corantes alimentícios há séculos para preservar e melhorar a aparência de nossos alimentos.
Corantes alimentícios referem-se a todo corante, pigmento ou substância que dá cor a um alimento. O corante é utilizado para aumentar a atratividade de um alimento, criando um visual vibrante, adicionando uma nova e atraente cor a um alimento ou evitando que a cor original de um alimento desbote. Os corantes alimentícios podem ser produzidos de fontes naturais ou sintéticas. As fontes naturais referem-se àquelas derivadas da natureza do nosso planeta, enquanto as fontes sintéticas são quimicamente fabricadas por empresas especializadas e produtores de alimentos.
Substâncias naturais, incluindo especiarias (por exemplo, páprica, cúrcuma e açafrão) e minerais (por exemplo, ferro), têm sido usadas para alterar a aparência dos alimentos desde o início dos registros da história. Até mesmo o vinho é colorido artificialmente desde cerca de 300 a.C.. Infelizmente, algumas substâncias que foram usadas para adicionar cor aos alimentos enganaram os clientes e criaram efeitos colaterais perigosos, e há documentação histórica sobre os regulamentos sobre adulteração de alimentos, pelo menos, desde a época do rei Edward I da Inglaterra (1272–1307), quando alguns padeiros usavam cal, giz ou ossos esmagados para criar pão branco adulterado. Infelizmente, corantes tóxicos também foram usados regularmente na história recente, incluindo o cobre para colorir picles e corantes que continham mercúrio ou chumbo para criar cores vivas para doces e geleias.
Felizmente, a nova tecnologia tem permitido cada vez mais corantes alimentícios mais seguros. Na década de 1850, um químico britânico descobriu o primeiro corante orgânico sintético – criado por humanos, mas a partir de ingredientes completamente naturais – uma tonalidade popular conhecida como malva ou malveína. Logo outros corantes foram desenvolvidos, tornando-se conhecidos como “corantes de alcatrão de hulha”, pois eram feitos de subprodutos da fabricação do carvão. Hoje, os corantes alimentícios do alcatrão de hulha são geralmente produzidos de matérias-primas do petróleo. Na época de sua criação, esses corantes sintéticos eram baratos, fáceis de produzir e proporcionavam uma cor melhor em comparação com os corantes naturais e minerais. Embora esses corantes fossem geralmente mais seguros do que os sais metálicos usados anteriormente, foi somente em 1906 que a regulamentação dos corantes alimentícios realmente começou nos Estados Unidos com a introdução do Federal Food, Drug and Cosmetic Act of 1938.
Atualmente, a Food and Drug Administration (FDA) regulamenta os corantes alimentícios nos Estados Unidos para garantir que sejam seguros para consumo humano e rotulados adequadamente nos alimentos. A FDA aprova todos os corantes alimentícios antes que possam ser usados no suprimento de alimentos, e a lista de todos os corantes alimentícios aprovados está disponível de forma pública para os consumidores. Os corantes alimentícios podem ser classificados como corante certificado (produzido sinteticamente) ou um corante “isento” (derivado naturalmente). São nove corantes certificados, e esses corantes precisam ser certificados toda vez que um novo lote é produzido, enquanto os corantes “isentos” não precisam passar pela certificação do lote. No entanto, os corantes “isentos” ainda são aprovados pela FDA antes de serem usados no suprimento de alimentos. Os corantes alimentícios estão sujeitos a um rigoroso processo de aprovação e não são elegíveis para a concessão “Geralmente Reconhecido como Seguro” (GRAS).
Embora a FDA tenha um rigoroso processo de regulamentação dos corantes alimentícios, em todo o mundo existem outros critérios diferentes de aprovação de aditivos, que podem criar inconstâncias no suprimentos de alimentos. Por exemplo, certos corantes alimentícios encontrados nos Estados Unidos foram proibidos em outras regiões, e essas discrepâncias têm gerado preocupação entre os consumidores. Recentemente, a União Europeia reexaminou os aditivos aprovados anteriormente, inclusive os corantes alimentícios, revisando posteriormente sua lista de aditivos aprovados e acrescentando advertências de rotulagem a produtos contendo corantes alimentícios específicos. Essas mudanças têm incentivado algumas pessoas nos Estados Unidos a entrar com ações judiciais contra a presença de certos corantes alimentícios, como o dióxido de titânio.
Nas últimas décadas, houve desinformação significativa em torno das implicações dos corantes alimentícios para a saúde. Por muitos anos, houve preocupação com os corantes alimentícios de que causavam efeitos comportamentais adversos em crianças. Embora certas pessoas possam ser sensíveis aos corantes alimentícios, ainda não houve um conjunto de estudos clínicos de alta qualidade para apoiar essas alegações. O impacto dos corantes alimentícios na saúde e os efeitos comportamentais em crianças continuam a ser estudados pelos principais especialistas e agências reguladoras governamentais. No entanto, alguns corantes alimentícios, incluindo urucum e carmim, de origem natural, podem causar reações alérgicas em algumas pessoas, por isso é importante sempre ler os rótulos dos alimentos e consultar seu médico se tiver dúvidas sobre como os corantes alimentícios podem afetá-lo particularmente.
No geral, a FDA possui um processo regulatório robusto para garantir a segurança e a transparência dos corantes alimentícios no suprimento de alimentos. Além disso, a FDA monitora rotineiramente todos os comunicados de efeitos adversos relacionados aos corantes alimentícios. Como ponto positivo, corantes alimentícios ajudam a criar um prato visualmente atraente, que pode melhorar a experiência gastronômica. Os alimentos com corantes alimentícios são considerados seguros para a maioria dos consumidores.
Este artigo foi escrito por Debbie Fetter, PhD.