Por Food Insight | Jun 06 2011
Última atualização em 26 de maio de 2017
Muitos de nós provavelmente podem se lembrar de uma época em que tivemos dificuldade em prestar atenção, sentados ou focados em uma determinada tarefa. E, na maioria das vezes, após uma boa noite de sono ou um momento de relaxamento, somos capazes de redirecionar o foco para a tarefa em questão. No entanto, para algumas pessoas, esses comportamentos são tão persistentes que interferem no trabalho ou na escola ou impactam negativamente nas atividades cotidianas.
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDA/HA) é uma desordem neurobiológica caracterizada por comportamento impulsivo, desatenção e, em alguns casos, hiperatividade. Embora a causa exata do TDA/HA seja desconhecida, os especialistas concordam que a hereditariedade desempenha um papel importante. A medicação e a modificação do comportamento são os dois métodos encontrados por meio da investigação científica mais eficazes no tratamento da TDA/HA. No entanto, apesar desses tratamentos comprovados, persistem informações conflitantes sobre o papel dos alimentos e da nutrição, particularmente os corantes alimentícios artificiais, em relação à hiperatividade em crianças.
Contexto do debate: Por que corantes alimentares?
O debate sobre os corantes alimentícios e a hiperatividade começou na década de 1970 quando o Dr. Benjamin Feingold popularizou sua teoria de que os aditivos alimentares, incluindo os corantes alimentícios artificiais, aromas artificiais e salicilatos (sal ou éster de ácido salicílico), exacerbavam a hiperatividade infantil. O trabalho do Dr. Feingold foi amplamente refutado pela comunidade científica devido a falhas na metodologia do estudo e a incapacidade do estudo de estabelecer uma relação causal.
Mais recentemente, um estudo conduzido por pesquisadores da University of Southampton (McCann, et al., 2007) relatou uma relação causal entre os corantes alimentícios e a hiperatividade, reanimando o debate. Um painel de especialistas da European Food Safety Authority (EFSA) avaliou o estudo e verificou que os resultados eram inconsistentes e não podiam ser utilizados como base para alterar os atuais níveis de corantes alimentícios na Europa. Apesar disso, a Food Standards Agency (FSA) do Reino Unido lançou uma proibição voluntária dos corantes estudados.
Existem nove corantes alimentícios certificados (FD&C) aprovados para uso nos Estados Unidos, que são rigorosamente regulamentados pela FDA. Além de melhorar o apelo visual dos alimentos, os corantes alimentícios podem fornecer diversas funções aos alimentos, tais como compensar a perda da cor devido à exposição à luz, ao ar, às temperaturas extremas, à umidade e às condições de armazenamento; corrigir variações naturais da cor; e realçar as cores que ocorrem naturalmente. Além disso, os corantes alimentícios podem aumentar o apelo das refeições para as populações com distúrbios alimentares ou em idosos que podem experimentar uma perda de apetite devido a uma diminuição no sentido do paladar e do cheiro. Embora certos alimentos que contêm corantes, como doces, sobremesas e bebidas açucaradas, devam ser apreciados apenas ocasionalmente, muitos alimentos ricos em nutrientes, incluindo certos tipos de queijo, iogurte e até mesmo alguns tipos de frutas frescas e peixes, contêm corantes alimentícios artificiais e podem ser consumidos como parte de uma dieta segura e saudável.
Para resolver o problema nos EUA, o FDA’s Food Advisory Committee realizou uma reunião pública em Silver Spring, MD em 30 e 31 de março de 2011. Eles foram encarregados de considerar as pesquisas disponíveis sobre o tema e aconselhar a FDA sobre que ações, se houvessem, deveriam ser tomadas para garantir a segurança dos consumidores. Especificamente, foram convidados a refletir sobre cinco questões, incluindo se as pesquisas existentes apoiam a conclusão da recente revisão baseada em evidências da FDA de que uma relação causal entre corantes alimentícios artificiais e hiperatividade não foi estabelecida e se uma rotulagem adicional, como uma declaração de advertência, deveria ser exigida em produtos alimentícios e bebidas contendo corantes alimentícios artificiais.
Além de não encontrar nenhuma relação causal, a evidence-based review da FDA afirma que as mudanças de comportamento observadas não parecem ser devido a qualquer questão de segurança com os corantes, mas poderia ser devido a uma predisposição genética de alguns indivíduos a certos alimentos e ingredientes, incluindo, mas não se limitando aos corantes alimentícios.
Depois de analisar as provas e de ouvir testemunhas das partes relevantes de ambos os lados do debate, a conclusão da FDA baseada nas evidências de que não foi estabelecida uma relação causal entre corantes alimentícios e hiperatividade em crianças foi confirmada pelo Comitê, com 93 por cento dos votos. Além disso, a maior parte do Comitê se opôs à adição de uma advertência no rótulo de produtos contendo corantes artificiais. Quase todos os membros do Comitê acham que mais estudos devem ser realizados. As conclusões do Comitê serão compartilhadas com a FDA; no entanto, não está claro que ações podem ser tomadas ou que mudanças devem ser feitas, se houver, com base nas informações.
Se os pais ou outros consumidores têm preocupações, eles podem evitar os corantes alimentícios lendo a lista de ingredientes no rótulo dos alimentos e bebidas. Da mesma forma, os recursos científicos disponíveis on-line e nos consultórios médicos oferecem informações úteis sobre a segurança e a funcionalidade dos corantes alimentícios. Alguns produtos com corantes naturais ou sem corantes também estão disponíveis. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, por isso é importante que as pessoas que estão preocupadas com possíveis sensibilidades e/ou hiperatividade conversem com o médico do seu filho, um nutricionista e/ou um médico alergista.
Para obter mais informações sobre corante alimentícios e hiperatividade, incluindo vídeos de especialistas e perguntas e respostas, visite a página Food Colors Hot Topics no site da Fundação IFIC.