Por Tamika Sims, PhD
15 DE JANEIRO DE 2021
Você já comprou uma caixa de cereal, um saco de maçãs ou um frasco de leite e pensou: “Será que a produção deste produto impactou a Terra?” Podemos não pensar essas palavras literalmente, mas algo semelhante pode vir à mente para muitos de nós – algo que mostra que nos preocupamos com o impacto da produção de alimentos no meio ambiente. Enquanto muitas visitas ao supermercado comecem com a caça por boas ofertas de alimentos que vão sustentar a barriga da família, muitas idas também envolvem a consideração dos impactos ambientais de nossas compras. Por exemplo, uma pesquisa de opinião de consumidores realizada em 2020 pelo IFIC revelou que a maioria das pessoas (mais de 70%) está preocupada com as mudanças climáticas, e mais da metade (52%) das pessoas que estão preocupadas disseram que suas preocupações às vezes afetam suas compras de alimentos e bebidas. Quase uma em cada cinco pessoas (19%) disse que essas preocupações sempre impactam em suas compras.
Um histórico sobre os gases de efeito estufa
Quando pensamos em questões ambientais, o uso sustentável de recursos naturais como água, energia e solo podem vir à mente – assim como a emissão de gases de efeito estufa. Os gases de efeito estufa são definidos como os compostos gasosos da atmosfera terrestre (como o dióxido de carbono) que absorvem a radiação infravermelha, retêm o calor e contribuem para o efeito estufa (que se refere ao aquecimento da superfície e da atmosfera terrestre). Os principais gases de efeito estufa são vapor d’água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), ozônio (O3), óxido nitroso (N2O) e clorofluorcarbonos (CFCs).
O aumento dos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera, resultam no aumento das temperaturas em todo o mundo. O aquecimento da atmosfera terrestre, denominado “aquecimento global”, está causando uma mudança em nosso clima. Novos fenômenos climáticos, como o derretimento das geleiras, tempestades mais intensas, incêndios florestais mais frequentes e a elevação do nível do mar globalmente, refletem a mudança do clima.
Muitas notícias e artigos científicos relataram a importância de monitorar a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera (principalmente dióxido de carbono (CO2)), bem como como os níveis de gases de efeito estufa que vem aumentando ao longo de muitos anos tiveram impactos deletérios sobre o meio ambiente. Atualmente, a concentração de CO2 na atmosfera é cerca de 40% mais elevada do que deveria. Notavelmente, um grande número de especialistas científicos ambientais concorda que a mudança climática está acontecendo e que os seres humanos são a causa.
Gases de efeito estufa e a agricultura
Os três maiores grupos emissores de gases de efeito estufa em todo o mundo são China, União Europeia e Estados Unidos – combinados, eles contribuem com 41,5% do total das emissões globais. Os esforços para diminuir as emissões nessas regiões do mundo são fundamentais para diminuir as emissões globais de gases e os impactos do efeito estufa.
Nos Estados Unidos, existem seis principais contribuintes para as emissões dos gases de efeito estufa: Transporte (28% do total das emissões), produção de eletricidade (27% do total das emissões), processos industriais e queima de combustíveis fósseis (22% do total das emissões), uso da terra e silvicultura (12% do total das emissões) e agricultura (10% do total das emissões). De acordo com o Relatório do Inventário de Emissões e Dissipadores de Gases de Efeito Estufa de 2020 da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), as emissões totais dos setores de energia, uso de produtos e processos industriais, e agricultura têm aumentado. As emissões de gases de efeito estufa da agricultura aumentaram 10,1% desde 1990. Como observa a EPA, “os fatores para esse aumento incluem um aumento de 7% no N2O do manejo dos solos, juntamente com um crescimento de 58,7 por cento nas emissões combinadas de CH4 e N2O dos sistemas de manejo de esterco animal.”
O total de dez por cento das emissões atribuíveis à agricultura pode ser dividido basicamente nas emissões de óxido nitroso (N2O), metano (CH4) e dióxido de carbono CO2. Segundo a EPA, as atividades específicas que contribuem para as emissões de N2O das terras agrícolas incluem a aplicação de fertilizantes sintéticos e orgânicos, o crescimento de safras fixadoras de nitrogênio, a drenagem de solos orgânicos e práticas de irrigação. O gado contribui para as emissões via fermentação entérica, o que significa que produz CH4 como parte de seus processos normais de digestão dos alimentos. Uma contribuição adicional da pecuária está ligada ao manejo do esterco, que contribui para as emissões de CH4 e N2O. Diferentes métodos de tratamento e armazenamento de esterco afetam a quantidade produzida desses gases de efeito estufa. Fontes menores de emissões agrícolas incluem CO2 da aplicação de cálcio e de ureia, CH4 do cultivo de arroz e CH4 e N2O da queima de resíduos das culturas.
Esforços para diminuir as emissões
Embora haja muito trabalho a ser feito para reduzir as emissões dos setores mencionados acima, há várias atividades em andamento para reduzir as emissões do solo e das plantações, do gado e do manejo do esterco. Por exemplo, os agricultores estão adubando as plantações com monitoramento aprimorado de nitrogênio – nitrogênio em excesso pode contribuir para aumentar as emissões de óxido nitroso sem aumentar a produção agrícola. Para o gado, aumentar a qualidade do pasto ajuda a reduzir a quantidade de metano emitida por unidade de produto animal. Além disso, há vários esforços em andamento para capturar o metano da decomposição do esterco para produzir energia renovável.
As demandas agrícolas em todo o mundo aumentaram nos últimos anos devido ao crescimento da nossa população, que acrescentou muitos agentes de estresse ambiental ao nosso planeta. É importante que os produtores de alimentos, profissionais da indústria de alimentos e consumidores definam suas ações para ajudar a aliviar esses estressores – incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa. Esperamos ver mais esforços em ação enquanto nos esforçamos para sustentar nossos recursos naturais e preservar nosso meio ambiente – e, finalmente, torná-lo melhor!
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